A história dos e-sports
- Vinicius de Oliveira
- 30 de jun. de 2021
- 4 min de leitura

Thyago Mendrot, 37, sempre gostou de videogames. Durante a infância e adolescência, nos anos 80/90, jogos como Pac-Man, Super Mario e Sonic eram alguns dos seus passatempos prediletos. “Eu deixava de comer para ficar jogando e me divertindo”. Para muitos, os videogames não passavam de uma forma de entretenimento para consumir nos finais de semana, no entanto, a competitividade foi crescendo cada vez mais nesse meio e transformou a brincadeira em um esporte que movimenta milhões de reais anualmente. São os chamados e-sports.
Na década de 1990 a Nintendo realizou um dos primeiros grandes torneios de games, o Nintendo World Championship, nos Estados Unidos. Contudo, este e outros campeonatos anteriores ao ano 2000 não são exatamente o primeiro capítulo da história dos esportes eletrônicos como conhecemos hoje.
O jogo Counter Strike 1.6 foi o pioneiro da modalidade. Com o surgimento das lan houses o game se popularizou muito e, em 2001, houve um dos primeiros campeonatos com premiação em dinheiro. Os players se reuniram na cidade de Dallas, no Texas, para disputar o “Cyberathlete Professional League World Championship”, que tinha como recompensa 150 mil dólares. No fim, a equipe "Ninja in Pyjamas” foi a grande campeã.
Hoje em dia, a grande maioria dos games possuem competições nacionais, internacionais e mundialitos com grandes premiações, como League of Legends, Counter-Strike: Global Offensive, Tom Clancy's Rainbow Six Siege, Fortnite, Free Fire entre tantos outros.
PRINCIPAIS CAMPEONATOS
Os campeonatos variam desde regionais, nacionais e até mundiais. O CBLOL, por exemplo, é um torneio nacional que reúne 10 franquias. Os times vão desde organizações tradicionais do cenário gamer até clubes de futebol ingressando no esporte eletrônico, como o Flamengo Esports, time uma vez campeão brasileiro de League of Legends, no segundo split de 2019.
Ainda no LOL, outra competição muito reconhecida e valorizada é o Worlds 2021, em que os campeões de todas as regiões do planeta se reúnem para conhecer o melhor time de League of Legends do Mundo. Segundo ranking produzido pelo portal globoesporte, as três maiores premiações já distribuídas em torneios de esports são: The International 2019 (R$189 milhões), Copa do Mundo de Fortnite (R$165 milhões) e o The International 2018 com (R$140 milhões).
O Free Fire hoje se destaca como um dos jogos mais acessíveis ao grande público, pelo fato de estar presente nos smartphones e não precisar de uma máquina com os melhores processadores para rodar. A jornalista de e-sports do UOL, Amanda Fleure, destaca esta diferença entre a plataforma mobile e os videogames domésticos. “Os consoles chegam muito caros no Brasil, são inacessíveis. Você consegue tentar comprar fora e importar, ou achar algum amigo que vá pra lá e traga. Então, o que se torna acessível pro brasileiro são os celulares, com o Free Fire sendo o game carro chefe”.
COMO O BRASIL SE ENQUADRA NESSE UNIVERSO?
O Brasil possui bons nomes e times. No Six Invitational de 2021, campeonato mundial de Tom Clancy's Rainbow Six Siege que aconteceu no fim de maio, as equipes brasileiras fizeram história ao terminar a competição com 3 times no topo. O grande vencedor da final disputada entre as organizações tupiniquins foi a Nip, conhecida como Ninjas in Pyjamas.
No League of Legends, o país não costuma ir tão bem. Os times brasileiros jamais passaram da fase de grupos do mundial e costumam ter campanhas bem aquém do esperado. Amanda Fleure comenta que o nível de preparo internacional ainda é maior do que o dos brasileiros nos mundiais de LOL. “Normalmente, esses times, que são os melhores do Brasil, não conseguem ter um bom rendimento lá fora, porque se deparam com chineses, coreanos, europeus e a realidade é outra", explica.
Quando o assunto é Counter-Strike, o Brasil brilha pelo mundo todo. O cenário competitivo de CS:GO sempre contou com times brasileiros ou com alguns integrantes do Brasil, mas nos últimos tempos um número muito grande de equipes estão em solo internacional.
CUSTOS PARA SE TORNAR UM PRO PLAYER
Apesar das grandes recompensas distribuídas, o cenário gamer exige um bom investimento para ter equipamentos de qualidade e desempenhar o melhor nos jogos. A alta do dólar e a histórica falta de incentivos tecnológicos no mercado nacional complicam ainda mais o mercado. Por conta da pandemia, diversas peças de diferentes segmentos e marcas sumiram das prateleiras. Outro fator que encarece ser gamer no Brasil são os impostos de importação sobre artigos eletrônicos, que representam mais de 70% do valor da compra.
Victor André, 21, sonha em ser um pro player e afirma que já gastou mais de 10 mil reais na máquina e periféricos para games. “Ter um bom computador para treinar e dar o seu melhor é caro. Trabalhei quase dois anos em uma empresa de rolamentos, guardei o dinheiro e montei meu setup. Entre CPU, monitor, mouse, teclado, cadeira e headset gastei mais de 12 mil reais”.
QUANTO GANHAM OS CYBERATLETAS?
A partir da profissionalização dos e-sports, as premiações tornaram-se os salários dos atletas, podendo variar conforme localidade e modalidade disputada. O exemplo mais bem sucedido financeiramente é do dinamarquês Johan Sundstein, 27, jogador de Dota 2 e recordista em premiações recebidas, acumulando cerca de R$ 40 milhões e sendo considerado o pro player mais rico do mundo.
Apesar de um adulto ocupar o primeiro lugar no ranking dos cyberatletas mais bem pagos, há jogadores bastante jovens com recompensas expressivas. É o caso de Kyle Jackson, inglês conhecido no ambiente virtual como “Mongraal”, jogador de Fortnite que com apenas 14 anos e 20 campeonatos disputados, já recebeu em torno de R$1,5 milhão em premiações.
Entre os jogadores brasileiros, Paulo Vitor “PVDDR” Damo da Rosa, 32, que disputa na modalidade de Magic: The Gathering Arena, faturou em 2020 cerca de R$1,5 milhão, sendo considerado o valor que mais lucrou na última temporada. A quantia foi conquistada após o atleta vencer o Magic World Championship XXVI, campeonato disputado presencialmente entre os 16 melhores jogadores do mundo, em Honolulu, nos Estados Unidos.
Matéria publicada no site https://grupo4transmidias.wixsite.com/esports
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